Em palestras em SP, secretária do MCTI destaca números sobre meninas e mulheres na ciência

Secretária de Políticas e Programas Estratégicos, Marcia Barbosa, abordou dados sobre o tema no Instituto Butantã e no Instituto de Física de São Carlos da USP.

 

A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcia Barbosa, abordou os desafios que ainda estão postos para as mulheres atuarem nos altos níveis gerenciais e também os estereótipos socialmente construídos que geram entraves para a entrada de meninas nas carreiras científicas, em especial a chamada STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

A palestra intitulada “Ciência: substantivo feminino”, realizada nesta quarta-feria (22), integrou o calendário de palestras do Ciência por Elas pra Elas com Elas, organizado pelas estudantes do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP). O evento também contou com a participação da presidente da Sociedade Brasileira de Física, Débora Peres Menezes.

De acordo com relatório da Unesco, um dos fatores que dificultam a entrada de meninas e mulheres nas carreiras de ciência é a falta de modelos femininos para alterar estereótipos e aumentar o interesse na STEM, especialmente entre as pessoas mais jovens. Segundo a secretária, até cerca de cinco anos de idade, meninas e meninos não veem diferenças entre quem é mais inteligente. No entanto, essa percepção muda por volta de sete anos de idade. “Meninas se veem como esforçadas”, mencionou Marcia. A autopercepção diante de carreiras na área STEM tidas como mais complexas desestimula o ingresso. “Em geral, a entrada feminina nessas áreas não ultrapassa 30%”, citou.

Outro dado apresentado pela secretária Marcia Barbosa envolve as posições hierárquicas em cargos de ciência e tecnologia nacionais,  considerando da área técnica até os cargos de alto nível. Dados de 2018 indicam que, enquanto no nível técnico a participação feminina pode chegar a 57%, cai para taxas em torno de 15% nas presidências de agências de fomento. Em 38 anos de existência, em 2023, pela primeira vez o MCTI é conduzido por uma mulher.

No mundo dos negócios, os dados seguem a mesma tendência. Enquanto o percentual de mulheres nos cursos de ensino superior e o número de profissionais são acima de 50%, cerca de 14% são executivas, menos de 5% ocupam cargos de CEO e cadeiras em conselhos.

“O problema é particularmente grave por questões econômicas. As maiores e mais rentáveis empresas do mundo investem em diversidade”, afirmou Marcia.

Dados internacionais mostram que a inclusão de mulheres em conselhos diretores pode incrementar em 53% a performance da empresa, obter 42% a mais no retorno de vendas e 66% no retorno de investimento de capital.

O diretor do IFSC/USP, Osvaldo Novais de Oliveira Junior, afirmou, na abertura da semana de eventos, realizada na terça-feira (21), que o cenário melhorou, mas ainda há um longo caminho. “Caminhamos muito nas últimas décadas, tivemos grandes progressos em relação à igualdade de gênero. Entretanto, ainda há muito que avançar”, ressaltou. “Não é simples, porque temos que lutar contra o passado e as pessoas que foram educadas no passado”, complementou o diretor, referindo-se às pessoas de outras gerações que ainda resistem em se adaptar.

 

‘A única mulher na sala’

No evento promovido pela Fundação Butantan para celebrar o Mês da Mulher, que contou uma roda de conversa com mulheres representativas no mundo da ciência, realizado na terça-feira (21), em São Paulo, a secretária Marcia Barbosa, que é física por formação e pesquisadora da área de teoria física, apresentou o exemplo gráfico da Conferência Solvay. Na histórica foto de 1927, da Quinta Conferência, predominavam homens. Na foto de 2011, 84 anos depois, apenas duas mulheres estão na foto oficial. Só em 2022 mais rostos femininos integram a foto oficial.

Segundo a Fundação Butantan, ainda há muito espaço para evolução e muitos mitos e estereótipos a serem quebrados. Reuniões como esta são grandes oportunidades para continuarmos debatendo a questão de equidade, união e sororidade. Participaram da roda de conversa mediada porVivian Retz Lucci Sandra Coccuzzo Sampaio Vessoni, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi e Flávia Virginio.

Fonte: www.gov.br

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